Segundo Mário Amim (2010), há em curso um processo evolutivo para uma nova economia. Este processo, segundo o autor, é promovido pelos seguintes fatores:
- Busca por novos mercados: com o objetivo de aumentar o mercado local e incrementar as exportações;
- Procura por recursos: facilitação do acesso à matérias primas e mão de obra, com foco na redução de custos;
- Eficiência produtiva: ter como meta constante a economia de escala;
- Modernização da produção industrial: inserção de novos processo fundamentados na Inovação Tecnológica;
- Hegemonia nacional: nos âmbitos ,militar, econômico e político.
Os recursos naturais, neste contexto, estabelecem uma nova configuração da regionalização mundial, onde fica definida uma economia de mercado que depende estrategicamente de recursos de países periféricos, que, entretanto, possuem reservas de:
- Água;
- Minerais, incluindo minerais ainda não explorados;
- Biodiversidade;
- Fontes de energia diversificadas;
- Áreas em uso e potenciais para a produção de alimentos e sua expansão.
Em função de seu alto consumo e expansão de sua ciência e tecnologia, a China tende a definir um novo ordenamento econômico mundial e o mercado global de recursos estratégicos, sendo o continente africano seu principal objetivo para suprimento de commodities.
Neste cenário, o agronegócio mundial tende a se concentrar cada vez mais em poucas empresas, abrangendo os setores de comércio exterior, produção, varejo e pesquisa. Acontece por exemplo no segmento de OGM – Organismos Geneticamente Modificados, que é composto por dez empresas em âmbito mundial. As exportações de commodities brasileiras, por exemplo, são extremamente concentradas, das doze principais commodities da pauta de exportação nacional, oito, ou cerca de 67%, delas são comercializadas por empresas estrangeiras que atuam fortemente no país. A nova economia apresenta importantes desafios ao agronegócio, especialmente os vinculados ao aumento da população e de sua renda e às alterações ambientais.
Em seu âmbito, amplia-se a utilização de matrizes energéticas alternativas, especialmente fomentando a bioenergia, que, entretanto: contribui para o aumento dos preços de produtos agrícolas em nível internacional; pressiona a oferta de produtos agrícolas; promove a reorganização da alocação da produção, gerando pressão na produção de alimentos.
Há em curso uma dinâmica de redistribuição no acesso e controle de novas áreas para a produção de alimentos, consolidando-se principalmente em regiões da África, Ásia e América Latina. Nestas regiões, especialmente na África, em função da pobreza, os governos locais disponibilizam terras para empresas multinacionais e até mesmo governos de outros países produzirem alimentos. Desta maneira, países asiáticos e árabes compram ou alugam terras neste países para a produção de cereais, garantindo, ou pelo menos favorecendo a condição de segurança alimentar de suas nações.
Este cenário desfavorece pequenos produtores nestas regiões, contudo, na América Latina, o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento lançou uma plataforma de financiamento público-privado com o objetivo de fomentar o desenvolvimento agrícola sustentável regional. Este financiamento terá como destino exatamente estes pequenos agricultores, que o BID calcula em aproximadamente 14 milhões e que respondem por mais de 50% dos alimentos produzidos no continente.
O financiamento pretende mitigar os efeitos da desaceleração das economias regionais e fomentar a produtividade no campo com sustentabilidade, preocupação crescente de organismos financiadores, em função da pressão exercida sobre o campo, o produtor e o meio ambiente por maiores produtividades decorrente do aumento da demanda por alimentos e bioenergia.
Denominada de AgroLAC20125 esta plataforma de financiamento pretende evitar que o crescimento da produção agropecuária ocorra desrespeitando os aspectos ambientais e sociais da região. Este financiamento não é diretamente ao produtor, ele é disponibilizado a projetos com potencial de transformação social, econômica e ambiental e pelo seu efeito multiplicador. Espera-se, com esta ação, evitar que o agricultor se desfaça de seu modo de produção e de suas propriedades. Abaixo apresenta-se o infográfico dos quatro países com maior quantidade de terras para a produção de alimentos fora de suas fronteiras.