INTENSIFICAÇÃO PRODUTIVA SUSTENTÁVEL - 1

A produção agropecuária e a necessidade de se produzir mais são essenciais à sociedade humana, principalmente em função do aumento da população mundial e das novas demandas que se estabelecem para o setor, como o suprimento de energia. Todavia, é imperativa a necessidade de que as condições ambientais se mantenham de modo a sustentar futuras produções e à população. Deste conjunto emerge a intensificação sustentável da produção, cujo conceito envolve a diversificação e intensificação da produção em interação com práticas conservacionistas.
     Ressalta-se que a população humana é crescente e os insumos para a produção e as terras aráveis não o são. Ainda, a produção agropecuária direcionada à obtenção de alimentos concorre espacialmente com o fornecimento de madeira, com a produção de bioenergia, fibras, entre diversas outras atividades. Deste cenário surge este novo conceito, que se apoia em dois fundamentos: é necessário que se obtenha da terra o máximo de produção que ela possa oferecer e que esta produção seja sustentável ambientalmente. Este equilíbrio é que é a chave do sistema.
     A diversificação da  produção proporciona, como principal vantagem, a diminuição dos riscos inerentes à uma monocultura, bem como, possibilita a redução de custos de produção. A diversificação torna a propriedade menos vulnerável aos impactos de crises econômicas, oscilações climáticas e de mercado, pragas e doenças.
     Neste contexto, sistemas como a Integração Lavoura – Pecuária – Floresta ILPF, deste modo, por exemplo, os efeitos dos gases emitidos pelos ruminantes podem ser mitigados pela floresta plantada. Os Sistemas Integrados possibilitam uma capacidade de suporte maior no campo, um pasto em sistema simples tem a capacidade de suporte de até 0,4 animal/ha/ano para manter-se sustentável, em sistema integrado com a lavoura esta capacidade sobe para 1,5 animal/ha/ano, se for agregada floresta à esta integração este número se amplia para 2,5 animal/ha/ano, sem que sejam emitidos gases de efeito estufa em excesso.  Neste mesmo espaço, em linhas, podem ser plantadas outras culturas, como a soja ou o milho, entre diversas outras, assim o produtor amplia e diversifica sua renda, que pode ser gerada também a partir de serviços ambientais ou pela venda de créditos de carbono.
     Estes serviços ambientais são pagos por programas governamentais específicos a produtores que adotam práticas conservacionistas determinadas, como por exemplo a remuneração por recuperação de áreas de vegetação nativa. Para a recomposição de áreas de preservação permanente ou reserva legal o Governo Federal, através da coordenação do MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, implantou o Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), que oferece créditos a juros menores que os do mercado e possibilita o uso de até 35% do valor financiado para esta recomposição.
     A recomposição de áreas de vegetação nativa além de impulsionar o mercado de produção de mudas, promove a recuperação de mananciais, mitigando ou até mesmo solucionando localmente a escassez de água. Com a preservação dos solos e prevenindo erosões, a recomposição da vegetação florestal nativa promove a recarga dos lençóis freáticos aumentando o volume disponível de água. Continua na próxima edição...

SAFRA BRASILEIRA DE GRÃOS 2019

Fonte de dados: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística / LSPA – Levantamento Sistemático da Produção Agrícola  / Janeiro de ...