GESTÃO AGROAMBIENTAL


CONCEITO: visão e aplicação integrada na propriedade rural dos conceitos, ferramentas e métodos da Administração do Agronegócio e da Gestão Ambiental, enfatizando a educação e qualificação do produtor como instrumento essencial para a obtenção de maior produtividade, qualidade e sustentabilidade socioambiental.

A necessidade humana de produzir mais alimentos relaciona-se diretamente com a questão da segurança alimentar em um mundo com uma população de sete bilhões de pessoas atualmente e que continua em constante crescimento. Concomitante a esta necessidade e em uma relação de interdependência está o imperativo de se preservar o meio ambiente e racionalizar o uso dos recursos naturais.

O modelo de Gestão Agroambiental integra os elementos biofísicos da propriedade rural ao contexto ambiental local e regional em que esta se insere e com os meios econômicos e sociais que lhe sejam referidos.

Neste sentido as ações de Gestão Ambiental na propriedade estarão voltadas, por exemplo, para a bacia e microbacia hidrográfica a que pertença, ao bioma onde esteja localizada, às suas características de relevo, vegetação, fauna e clima e dentro de um paradigma cujo objetivo será sempre a maior produtividade possível, com a melhor qualidade esperada e com efetiva sustentabilidade socioambiental.

Por outro lado, no contexto econômico, de Gestão do Agronegócio, entram no processo administrativo da propriedade as ferramentas da Qualidade Total (PDCA); das Boas Práticas de Fabricação; da APPCC – Análise de Perigos em Pontos Críticos de Controle; os conhecimentos das Cadeias Produtivas; de Logística (JIT); de Agroecologia e Normatização de Orgânicos; de Gerenciamento de Custos e Formação de Preços; de Qualidade de Alimentos; de Padrões Sanitários; de Rastreabilidade; de Controle de Processos (ISO); noções de Mercado Agrícola, Marketing, Inovação Tecnológica, Globalização e Commodities.

Tudo isto se integra ao terceiro componente do Sistema de Gestão Agroambiental, que é o social. Neste âmbito, a primeira ação é a melhoria e intensificação da educação com consequências práticas positivas diretas sobre os habitantes da propriedade e da localidade. A melhoria se refere à educação formal, que deverá obrigatoriamente ter sua qualidade elevada para que atenda às novas necessidades do moderno modelo rural e a intensificação se relaciona à oferta de qualificações específicas tanto da Gestão do Agronegócio como da Gestão Ambiental e Produção Agropecuária, principalmente de processos de produção sustentáveis e de produtos de alto valor agregado.

Quanto à primeira, a educação formal, deverá ser tratada em escolas rurais sem os costumeiros vínculos ideológicos que tanto se apregoam hoje nas escolas como um todo, estudante rural (e também o urbano) não tem que ficar perdendo horas discutindo as ações de Che Guevara, luta de classes ou coisa similar, mas sim aprender física, química, biologia, matemática, língua portuguesa e as demais disciplinas curriculares com qualidade, que serão os pilares de seus estudos de qualificação profissional para produzir com eficiência, qualidade e sustentabilidade. Enquanto este retrógado discurso perdurar no campo, perdurará a pobreza rural da qual muitos sobrevivem (este, contudo, é assunto de um próximo post).

Para a segunda, a qualificação profissional, é preciso que se reforce a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). De acordo com os dados do Censo Agropecuário de 2006 (IBGE), apenas 9,32% dos produtores brasileiros recebem assistência técnica regular. É fundamental que se ampliem as atividades de capacitação e qualificação tecnológica no campo, principalmente com cursos extensivos integrados de tecnologias produtivas, ambientais e noções de administração de agronegócios, desta maneira o produtor aprenderá a produzir com qualidade e produtividade ao mesmo tempo em que terá a noção de comercialização de sua produção, seus custos e demandas de mercado. Principalmente o pequeno agricultor e os componentes da agricultura familiar têm que ter a noção exata de que sua propriedade é um elemento do Agronegócio, um elo de uma ou mais cadeias produtivas e que como tal deve ser tratado.

Produtor mais educado e qualificado gera mais renda, interage melhor com o mundo à sua volta, possibilita a fixação de seus descendentes na propriedade rural e fornece ao mercado produtos de maior qualidade com menor custo. Com sua capacidade intelectual ampliada será um cidadão mais exigente em seus direitos, com mais poder de discernimento, contribuindo para o desenvolvimento local e regional.

Neste ponto acredito enfaticamente que estas ações de ATER podem, na verdade devem, ser viabilizadas por empresas privadas, componentes das diversas cadeias produtivas do Agronegócio, em contrato com prestadores privados de serviços educacionais e de ATER que atendam aos produtores de maneira ágil, dentro das regras, processos e imperativos do mercado, viabilizando a produção de produtos com mais qualidade, produzidos com alta eficiência e sustentabilidade socioambiental.

SAFRA BRASILEIRA DE GRÃOS 2019

Fonte de dados: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística / LSPA – Levantamento Sistemático da Produção Agrícola  / Janeiro de ...